quinta-feira, 17 de junho de 2010

Golfinhos e tubarões fogem de mancha de óleo em direção às praias da Flórida

Onda suja com petróleo chega apraia do Estado de Alabama, nos EUA. Dave Martin/AP

Golfinhos e tubarões estão aparecendo em quantidades surpreendentes em águas rasas das parias da Flórida, como animais de uma floresta fugindo de um incêndio. Peixes, caranguejos e raias congregam-se aos milhares junto a um píer do Alabama. Pássaros cobertos de óleo arrastam-se pelos manguezais a dentro, e desaparecem de vista.

Cientistas que acompanham a tragédia do vazamento do poço da British Petroleum (BP) estão assistindo a fenômenos inusitados.

Peixes e outras formas de vida marinha parecem estar fugindo do petróleo e se aglomerando em águas mais limpas junto da costa, uma tendência que pesquisadores veem como um sinal potencialmente problemático.

A presença dos animais junto à costa significa que seu hábitat está muito poluído, e a aglomeração pode resultar em grande mortandade, à medida que os peixes esgotam o oxigênio local. Os animais também se tornam presa fácil para predadores.

"Um paralelo seria: por que a vida silvestre corre para a borda de uma floresta em chamas? Haverá um monte de peixes, tubarões, tartarugas tentando escapar dessa água que eles percebem que não é adequada", disse o biólogo marinho Larry Crowder.

O derramamento de óleo, que dura quase dois meses, criou um desastre ambiental sem paralelo na história dos Estados Unidos, á medida que dezenas de milhões de litros de óleo cru se espalham pelo ecossistema do Golfo do México.

Dia após dia, cientistas a bordo de navios contam os pássaros, tartarugas e outros animais marinhos mortos, mas o total é surpreendentemente baixo, dada a extensão do desastre. A última totalização dava conta de 783 pássaros, 453 tartarugas e 41 mamíferos mortos. Em comparação com o maior desastre anterior nos EUA, o do petroleiro Exxon Valdez, esses números são mínimos. No desastre do Alasca em 1989, morreram 250.000 pássaros e 2.800 mamíferos.

Pesquisadores dizem que há muitas razões para a baixa mortalidade constatada: a natureza enorme do derramamento faz com que os cientistas só consigam localizar uma pequena parcela dos corpos. Muitos nunca serão encontrados, com o animal morto afundando no mar, sem testemunhas. E muitos pássaros estão morrendo no interior dos mangues da Louisiana, onde buscam refúgio.

"Acho que parte da razão pela qual não estamos vendo mais mortes ainda é que os impactos desta crise estão apenas começando", disse o biólogo marinho John Hocevar, ligado ao Greenpeace.

A contagem de corpos é mais que um exercício acadêmico: o total de mortes ajudará a determinar quanto a BP deve pagar em reparações।

Estadão

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