sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Animais recebem atendimento de saúde especializado em zoológico do Cigs em Manaus

FLORÊNCIO MESQUITA






Onça foi anestesiada para ser submetida a tratamento de três canais. Outros três animais fizeram um canal cada (Luiz Vasconcelos)



Pela primeira vez no Brasil uma equipe multidisciplinar de médicos veterinários realizou um tratamento de alta complexidade em animais selvagens. O procedimento que envolveu especialistas de várias áreas da saúde está sendo realizado desde a última segunda-feira, 23, no Zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) na Zona Centro-Oeste de Manaus.


Até essa quinta-feira (26), oito do total de dez onças pintadas que fazem parte do zoológico foram submetidas aos procedimentos. Os últimos dois animais devem ser atendidos nesta sexta-feira. A bateria de exames consistiu principalmente na área odontológica, análises clínicas, anestesia, bioquímica sanguínea e ultrasonografia que gerou imagens que auxiliaram na condução dos trabalhos.


Pelo menos quatro onças precisaram fazer tratamento de canal e restauração de dentes fraturados. A estimativa dos profissionais era que todos os animais precisassem das intervenções. Uma onça, em especial, precisou ser submetida a três canais. Os outros três animais fizeram um canal cada. Os animais foram anestesiados e monitorados pela frequência cardíaca e temperatura durante todo o procedimento.


O trabalho inédito foi realizado, voluntariamente, por dez profissionais. O projeto foi idealizado pela veterinária amazonense Fernanda Santoro, que convidou os amigos paulistanos Murilo Penteado Del Grande e Caroline Hozawa, também veterinários, para realizar o trabalho no Cigs. Os três fazem especialização médica em São Paulo e decidiram vir a Manaus porque Fernanda já tinha realizado alguns trabalhos com animais do Cigs e detectado a necessidade do tratamento nas onças.


Para a tenente do Exército Brasileiro Maria Juliana Moreira, adjunta da divisão de veterinária do Cigs, o procedimento é chamado de manutenção periódica, feito a cada seis meses, que prevê entre outras intervenções médicas, vermifugação, exames de sangue e de pele, limpeza dentaria, corte de unha, medição de peso e do corpo. O diferencial segundo ela foi o reforço no tratamento com a parceria dos veterinários voluntários. Juliana explica que os exames são fundamentais para acompanhar o crescimento e a saúde dos animais, além de identificar possíveis alterações e tratá-las.


Segundo Juliana, o trabalho feito ao mesmo tempo por especialistas de várias áreas é inédito no país e teve o ponto de partida no Amazonas. “O trabalho de tratamento das onças exigia um grau de complexidade que só especialistas de cada área poderiam realizá-los. Isso só foi possível por meio da parceria e dedicação de todos os profissionais envolvidos”, disse. Ela completa que os Cigs está aberto a novas parcerias com outros profissionais que possam contribuir com o bem estar dos animais.


Quadro geral de saúde é bom


Segundo o médico veterinário e anestesista Diogo Costa, foram encontradas pequenas alterações de hematologia normais para idade dos animais mais velhos. No entanto, ele frisa que o quadro geral de saúde dos animais é bom. “Os animais estão saudáveis graças ao tratamento que recebem semestralmente. Estão com peso que varia de 50 a 65 quilos, sendo que eles não podem pesar muito, caso contrário, teriam a alimentação prejudicada”, disse.


Ele trabalha com anestesia de animais selvagens há seis anos e observa que o ganho maior das onças tratadas foi na parte odontológica, uma vez que os dentes são fundamentais para a sobrevivência do animal। “Quando as animais perdem a dentição ficam com dificuldade para se alimentar e correm o risco de adoecer. Com o tratamento avançado terão dentes saudáveis por muitos anos assegurando a qualidade na saúde.”


Portal A Crítica

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