Fim de ano é sempre um problema para quem tem bicho de estimação. Com a chegada das comemorações, as explosões de fogos de artifício costumam ser traumáticas para os animais, que têm audição bem mais sensível do que a humana.
O medo dos bichinhos é tão grande que muitos fogem apavorados e acabam, muitas vezes, até mesmo se perdendo de casa. Mas, para ajudá-los a contornar este período estressante, os donos podem adotar algumas medidas simples que se tornam bastante eficazes.
Uma das alternativas apontadas pela médica veterinária Maria Isabel Garib é usar florais para deixar o animal mais tranquilo. “Mas é preciso que ele comece a ser administrado uma semana antes, sob a supervisão de um especialista que calcule a dosagem correta para o animal. A última dose deve ser dada no final da tarde que antecede as comemorações”, aponta.
Na hora dos fogos, a dica é manter o pet preso em algum cômodo dentro de casa, com a porta fechada, o que evita a fuga e ajuda a abafar o barulho. O local deve ter água, alimento e o pano ou cama onde o bicho costuma dormir, além de pouca iluminação, para ajudar os bichos a se sentirem mais seguros e protegidos.
“Na penumbra, é como se eles estivessem em uma toca. Mas o ideal é que o dono fique ao lado do animal, para acalmá-lo nesta ocasião. Nos casos em que é inevitável deixar o cachorro sozinho, aconselho que ele fique em um local da casa que conheça e se sinta confortável”, aponta.
Segundo Maria Isabel, não é aconselhável deixar cães e gatos soltos no quintal. Isso porque, quando o barulho dos explosivos tiver início, eles poderão entrar em pânico e até mesmo se machucar. “Já acompanhei um caso de um rottweiler que atravessou uma porta de vidro durante a queima de fogos. Os bichos se sentem em meio a uma guerra mundial, não entendem o que está acontecendo e acham que vão morrer. Então, o desespero é grande mesmo”, comenta.
Algodão
Outra orientação da veterinária e que já é adotada há algum tempo pelo comissário de voo Vinicius Orti, 29 anos e dono de nove cães, é inserir tufos de algodão no ouvido dos animais. Em substituição a este estratagema, a indústria pet, bastante sofisticada, também já conta com protetores auriculares feitos em silicone, fabricados exatamente para estas ocasiões.
“Além de pôr algodão, deixo todos na lavanderia, que é o local mais afastado do som dos fogos. É claro que eles não deixam de ouvir o barulho, mas ameniza um pouco o medo que eles sentem”, diz Vinicius, que solta fogos todos os anos nas comemorações familiares realizadas na chácara onde vivem labradores, pastores alemães e um dálmata.
Alguns veterinários também possuem o hábito de receitar ansiolíticos para diminuir a ansiedade e a tensão dos bichos de estimação. Mas, para Maria Isabel, o uso de medicamentos mais fortes não é recomendado devido a possíveis efeitos colaterais.
“A saúde dos animais é muito delicada e, se um cão é cardíaco e o dono não sabe, pode acabar agravando a situação. Os florais já garantem um bom resultado”, ensina.
Humanos também precisam de cuidados para evitar acidentes
Para o Corpo de Bombeiros, a queima de fogos de artifício é totalmente condenada pelos riscos que seu manuseio e armazenamento representam. Mas, para quem não abre mão da comemoração pirotécnica, alguns cuidados devem ser observados no sentido de evitar acidentes.
Primeiramente, é importante conhecer a procedência dos explosivos a serem queimados e jamais fazer uso dos que forem produzidos de maneira artesanal. Crianças e bebidas alcóolicas não devem ser envolvidas na brincadeira. “É importante, ainda, a pessoa não manter contato direto com rojões quando for lançá-los. O ideal é que seja utilizado algum tipo de suporte fixado ao chão e, depois de acender o pavio, sair de perto”, ensina o tenente José Mário de Freitas Junior, do Corpo de Bombeiros.
De acordo com ele, os fogos devem ser lançados preferencialmente em descampados, longe dos fios de alta tensão, habitações, veículos e concentração de pessoas. “Se adotadas, estas medidas ajudam a evitar graves acidentes, que podem prejudicar vidas e acabar com a festa de qualquer um”, frisa.
Em caso de acidentes, a recomendação é lavar o ferimento com água corrente, sem tocar ou aplicar qualquer substância sobre a lesão, como manteiga, creme dental, café, clara de ovo ou pomadas. A pessoa ferida deve procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo para o atendimento médico adequado.
Barulhentos, rojões continuam sendo os campeões de vendas
Para desespero dos animais, os rojões - os mais ruidosos dos fogos de artifício - permanecem como campeões de vendas nas lojas especializadas de Bauru. É o que garante o comerciante Ismael Henrique Patrício, que trabalha no ramo há mais de 30 anos.
“Os que mais vendem são os rojões de três e treze tiros, que custam entre R$ 10,00 e R$ 20,00. O pessoal gosta do estrondo, mas os fogos coloridos, um pouco menos barulhentos, também tem tido boa saída”, afirma.
Segundo Patrício, as vendas nesta época do ano aumentam cerca de 30% em relação a meses normais. E esta demanda maior acaba trazendo como resultado o aumento da incidência de fugas de animais, conforme destaca a médica veterinária Maria Isabel Garib.
Jornal Cidade - Rio Claro
Nenhum comentário:
Postar um comentário