terça-feira, 24 de abril de 2012

Plantações de dendê ameaçam habitat de orangotangos de Sumatra




As plantações de dendê cobre 1,6 mil hectares da floresta de Tripa, refúgio de cerca de 700 orangotangos dos 6,6 mil que sobrevivem na ilha indonésia de Sumatra. Tripa pertence ao ecossistema de Leuser, uma grande extensão de selva na qual há 8,5 mil tipos de plantas, árvores de até 70 metros de altura e mais de 350 espécies raras de pássaros, 194 de répteis e 129 de mamíferos.















Nesta floresta do noroeste do arquipélago indonésio, os orangotangos dividem espaço com elefantes, rinocerontes e os tigres da Sumatra.
“Leuser é um lugar único e um dos de maior biodiversidade do mundo. Abriga uma grande variedade de ecossistemas, mangues, turfeiras, praias, florestas tropicais de terras baixas, zonas de montanhas e alpinas”, explicou à Agência Efe a espanhola Arantzazu Acha, coordenadora dos projetos ambientais da Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Indonésia.
Uma massa florestal densa, úmida e impenetrável que está cercada pelos dendezeiros, uma árvore procedente da África que consome grandes quantidades de água, que não permite que nenhuma outra planta cresça ao redor e da qual os animais selvagens não se aproximam.
O indonésio Irwandi Yousef, que assinou quando era governador da província de Aceh a concessão de 1,6 hectares à empresa Kallista Alam para o cultivo de dendê, reconheceu que o contrato foi “moralmente errôneo”, embora o tenha defendido como uma forma de chamar a atenção mundial sobre as florestas da Sumatra.
“A comunidade internacional acredita que nossas florestas são um depósito livre para seu dióxido de carbono”, disse Yousef à imprensa nesta semana.
O ex-governador desta região autônoma compartilha com o governo central de Jacarta a opinião que a proteção da floresta e dos animais que nela habitam deve ser compensada com ajudas econômicas.
“(Todos) dizem que querem ar limpo e proteger as florestas (…) mas o que fazem é inalar nosso ar sem pagar nada”, apontou o destacado político da região.
Os ecologistas asseguram que as explorações de azeite de dendê se transformaram nas últimas décadas no pior inimigo dos orangotangos, espécie em perigo crítico de extinção e extremamente vulnerável devido à sua lenta reprodução e à necessidade de um habitat amplo.
O parque nacional de Leuser está protegido por uma ferrenha legislação, o que não pode ser dito quanto ao ecossistema a que pertence, que cobre 2,6 milhões de hectares e onde muitas áreas dependentes da vontade política para a preservação.
Segundo a coordenadora da Unesco, “uma das principais razões para a diminuição das povoações de animais de vida selvagem é o desaparecimento de seu habitat”.
E, precisamente, a maioria das espécies em perigo “tem seu habitat primário nas florestas tropicais de terras baixas, abaixo dos 900 metros, que são as áreas mais propicias para as expansões agrícolas, especialmente, os cultivos extensivos de dendê”, acrescentou Arantzazu.
Entre 1985 e 2007, 49,3% das florestas da Sumatra desapareceu devido à exploração agrícola, a maior parte em zonas de pouca altitude e habitadas por orangotangos, segundo os dados da Unesco.
Cerca de 80% das florestas são agora de dendezeiros, árvore da qual se extrai um produto vegetal empregado para fazer biocombustíveis e cosméticos, e que deu lugar a uma indústria da qual a Indonésia é o principal abastecedor em nível mundial.
A Indonésia é o terceiro país do mundo com maior superfície florestal e o que registra a taxa de desmatamento mais alta, o que contribuiu para que agora seja o terceiro principal emissor de dióxido de carbono, atrás de China e Estados Unidos.
Fonte: Terra

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