segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mais de 80 animais já "visitaram" o litoral norte do Rio este ano

Tartaruga verde

Durante todo o ano a orla do Rio de Janeiro, mais especificamente do litoral norte e da região dos Lagos, recebe dezenas de visitantes ilustres. São pinguins, tartarugas, golfinhos, baleias e atobás que chegam ao litoral para reprodução, em busca de alimentos ou por estarem apenas migrando de um lugar para outro. Muitos deles viajam, a nado ou voando, por milhares de kilômetros, caso de um trinta-réis, encontrado em Cabo Frio, com pulseirinha do Museu de História Natural da Islândia, no norte da Europa.

Só em 2011, equipes do Gemm Lagos (Grupo de Estudos dos Mamíferos Marinhos da região dos Lagos), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e da Coordenadoria de Fauna Silvestre de Macaé, no norte do Estado, encontraram mais de 80 animais na orla.

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O biólogo Jaílson de Moura do Gemm Lagos explica que as aparições ficam ainda mais frequentes no inverno (entre junho e setembro), por diversas razões.

- A tartaruga verde vem para se alimentar, a cabeçuda, para colocar ovos. A baleia jubarte aproveita a água morna para criar seus filhotes, que ainda não tem uma grossa camada de gordura para sobreviver às baixas temperaturas do mar Antártico, que é seu local de origem. Já a baleia franca, procura a região para se acasalar e reproduzir. A bryde está sempre por aqui, é uma baleia tropical. São sete as espécies de baleias que visitam a nossa costa.

Tartarugas

As tartarugas são os animais mais encontrados na região. As da espécie cabeçuda (Caretta Caretta) e verde (Chelonia Mydas) são as mais comuns. Três outras também podem ser vistas no litoral fluminense, mas com menos frequência: a de pente, a oliva e a gigante, também conhecida como de couro, por ter a carcaça maleável. A tartaruga de pente é a mais rara e esteve ameaçada de extinção.

Segundo Moura, 90% das tartarugas encontradas na região são da espécie verde. Ela se alimenta no litoral fluminense enquanto é jovem. Quando alcança a fase adulta segue para as ilhas oceânicas no norte do país, como Fernando de Noronha, Atol das Rocas. Apesar disso, muitas acabam morrendo em águas cariocas, por causa da quantidade de lixo que acabam ingerindo.

- É comum encontrar tartarugas verdes mortas no litoral. A ingestão de lixo, como sacos plásticos, tampinhas de refrigerante, entre outros detritos, é a principal causa da morte da espécie.

O biólogo explica ainda que a tartaruga cabeçuda usa a região como área de desova.

- Elas colocam os ovos e vão embora. Quando eles quebram e os filhotes nascem, correm para o mar. Essa espécie só volta aqui para desovar.

Para garantir que esses ovos fiquem inteiros até eclodirem, profissionais do projeto Tamar (Tartarugas Marinhas) do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), com base na bacia de Campos, percorrem as praias para cercar os locais onde houve a desova. De setembro a fevereiro, período da reprodução, esses técnicos vistoriam diariamente os 105 km de litoral de Barra do Furado, em Campos, até São Francisco de Itabapoana, na divisa com o Espírito Santo. Em média cada cabeçuda coloca de 100 a 120 ovos.

Golfinhos

Os golfinhos também são vistos com frequência na costa do Estado. Na última quinta-feira (22), banhistas avistaram um grupo na praia do Leblon, na zona sul da capital.

Na região dos Lagos, o Boto Cinza, é o mais comum. Ele pode chegar a 2 m de comprimento e é muito parecido com o famoso golfinho Flíper, do cinema. No último dia 09 de setembro, um representante da espécie foi encontrado morto na praia do Peró, em Cabo Frio. O animal tinha indícios de afogamento.

- Eles se enroscam nas redes e se afogam. Os pescadores são obrigados a decepar o rabo do boto para não perder as redes. Essa captura acidental traz prejuízos para os pescadores.

O boto cinza está na lista das 10 espécies mais ameaçadas de extinção, segundo a secretaria estadual do ambiente.

No norte fluminense, as toninhas, também acabam morrendo enroscadas nas redes de pesca. Moura disse que em média 100 golfinhos dessa espécie morrem por ano dessa maneira. A toninha é muito comum na região, mas sua cor amarronzada dificulta a visualização no mar, que é bem escuro na bacia de Campos.

Aves marinhas

Dos 23 animais encontrados este ano pelos técnicos da Coordenadoria de Fauna Silvestre no litoral de Macaé, 21 eram aves. Os outros dois eram tartarugas. E entre essas aves, a mais comum é o pinguim. Em 2010, dos 55 animais encontrados, 20 eram pinguins. Este ano, foram resgatadas seis dessas aves marinhas. Dois morreram e quatro foram libertados no último dia 13 de setembro em uma ilha na costa de Macaé.

Moura lembra que a ave também é muito comum na região dos Lagos. Ele explica que o crescimento da atividade pesqueira na Antártica tem obrigado os pinguins a viajar quilômetros até o norte fluminense a procura de alimento.

Além dos pinguins, outras aves viajam longas distâncias para se alimentar no Rio de Janeiro. Entre elas, o biólogo destaca um trinta-réis que encontrou no litoral de Cabo Frio e estava identificado com uma pulseirinha do Museu de História Natural da Islândia, no norte da Europa.

- Fiz contato com eles e ficamos surpresos com a distância percorrida por uma ave tão pequena [a espécie não chega a 40 cm].

A fragata, ou peixe pirata, é outra ave comum na região. Este ano foram encontradas cinco no litoral de Macaé, mas apenas três sobreviveram.

- O interessante é que a espécie rouba no ar os peixes capturados por outras aves marinhas, como o atobá marrom, por exemplo. É um animal que não pode se molhar e muitas da vezes que são encontradas sujas de areia na praia, as pessoas levam para casa, dão banho e acabam matando o animal sem querer.


Fonte: R7

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