Pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison acreditam ter determinado o mecanismo molecular por meio do qual animais como pássaros, borboletas e serpentes produzem os padrões coloridos de cobertura que usam como camuflagem ou para atrair parceiros. O trabalho está publicado na edição desta semana da revista Nature.
Após 10 anos, genoma humano ainda oferece mais desafio que solução
"Como surgem os padrões complexos? Esta é uma pergunta que intriga cientistas há muito tempo", disse Sean Carroll, biólogo molecular e principal autor do artigo na Nature, em nota distribuída pela Universidade. "Agora, acreditamos ter determinado todos os ingredientes fundamentais, e que são aplicáveis de modo genérico".
Drosophila guttifera, a mosca usada no estudo. Nicolas Gompel e Benjamin Prud'homme/Divulgação
O grupo americano identificou uma proteína que ordena a certas células que produzam pigmentos.
Para desvendar o segredo da ornamentação dos animais, os pesquisadores mergulharam na história evolutiva de uma mosca, a Drosophila guttifera, que gera um padrão complexo de 16 pintas nas asas.
O grupo descobriu um morfógeno, uma proteína presente em tecido embrionário e que é codificada por um gene conhecido como "Wingless", e que parece ser a base da decoração das asas. No final do desenvolvimento da asa, o morfógeno Wingless surge e se difunde pelo tecido, onde estimula células de certas áreas a produzir pigmentação. "Ele age ao induzir as células sensíveis a fazer coisas. No caso, gerar coloração", diz Carroll.
Na mosca, o morfógeno atua nas proximidades de pontos físicos especiais, como a interseção de veias. O surgimento das manchas parece ser determinado pela localização desses padrões preexistentes. "A molécula é colocada, nesta espécie, em pontos específicos no tempo e em lugares específicos, os lugares onde as manchas vão surgir".
Inserindo o gene Wingless em diferentes partes do genoma da mosca, a equipe foi capaz de manipular a decoração da asa do inseto, criando listras em vez de pintas, e padrões que não existem na natureza। "Podemos customizar as moscas", afirma Carroll.
Fonte: Estadão
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